Daqui de fora acompanhei as duas marchas que aconteceram em São Paulo: a da Maconha (que não tinha esse nome) e a da Liberdade.
Apesar de não poder participar, fiquei emocionada de saber que minha geração não está totalmente “morta”, politicamente falando. E sentados num pub qualquer aqui de Dublin, com um grupo interessante de brasileiros, acabamos entrando no papo de ditadura.
É claro que não se compara, nem de tamanho nem de importância, mas alguns momentos, foram relembrados. O problema é que no final ninguém entendia como funciona a cabeça do pessoal que preza por uma segurança forçada. Também ficou difícil entender se essa geração mais nova (a minha) se tornou mais preguiçosa ou mais pacífica.
Metade disse que os novos jovens não tem motivos pra lutar porque tudo ficou mais fácil, e que não sobra tempo para lutar por direitos quando o Facebook toma a maior parte do tempo do dia.
É uma generalização, é claro. A outra banda de pessoas disseram que o coração, hoje em dia, está mais pacífico. Será?
O papo foi ainda mais frente e entramos na discussão na marcha da liberdade.
Estranhamente, a totalidade das pessoas ali sentadas não sabiam explicar a lógica do preconceito contra qualquer coisa. Alguém comentou que “se abrir, todo mundo é vermelho por dentro”.
É verdade. “Você é especial. Todo mundo é”.
Fiz um comentário ingênuo: “mas esses caras por exemplo, os tais neonazistas, são organizados o suficiente para treinar pra luta o pessoal. Tenho medo disso, porque nosso lado pacífico não deixa entrar esse tipo de coisa. Tenho medo que esse nosso lado não tenha chance”.
Um sorriso e uma resposta me fizeram ficar quietinha, envergonhada mas muito mais relaxada: “eles tem um exército de guerreiros, mas nós temos uma multidão de pensadores”.
De qualquer forma, saímos dali sem explicarmos uns aos outros o que ocorre na cabeça do pessoal preconceituoso. Nem chegamos a concluir a discussão sobre a fina linha entre ser conservador e ser covarde.
No mesmo dia, mais tarde pela internet, tive um papo com a pessoa responsável por minha cabeça respeitar as diferenças dos outros: minha mãe. E acabei com uma certeza meio estranha: o preconceito, seja ele qual for, vem principalmente do medo de se aceitar.
E isso, meus caros, explica muita coisa pra mim.
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